Raimundo Antonio da Costa Jinkings
Filho de Raimundo Jinkings e Francisca Leite Jinkings.
Nasceu dia 5/9/1927, em Turimrim, distrito de Santa Helena, no estado do
Maranhão. Com oito anos perde sua mãe, algo que marcou para o resto da vida. Em
sua adolescência, encontrou um livro de seu pai ‘’As dores do mundo’’, do
filósofo ‘’Schopenhauer’’, brotando sua sede por justiça social.
Em 1945, chega a Belém do Pará e alistou-se na Força
Área Brasileira. Em pouco tempo, iniciou o trabalho como soldado, em pouco
tempo fez o curso e passou a cabo, concluído o tempo instituído passou a
trabalhar como enfermeiro no Hospital da Aeronáutica. Conhece Isa Tavares, em
1949, numa festa no ‘’Clube dos Aliados’’, casou-se com ela e tiveram cinco
filhos (Nise, Leila, Antonio, Álvaro e Ivana).
Ingressou no Banco da Amazônia, após prestar o concurso e conquistar o
4° lugar em português. Trabalhando como jornalista e bancário, se dedicou as
lutas trabalhistas e assumiu o comando do movimento sindical, liderou o Comando
Geral dos Trabalhadores (CGT) com os princípios de reforma de base, urbana e
agrária, associava os quadros do Partido Comunista Brasileiro (PCB).
O golpe foi deflagrado em 64, limitando a participação democrática no
país. Como muitos brasileiros resistiram à ditadura militar, Raimundo Jinkings
foi preso, teve seus direitos políticos cassados e foi afastado do seu emprego
no banco pelo Ato AI5.
Ao sair da prisão, buscou uma nova alternativa de sobrevivência e nos
livros achou o que precisava. Como havia concentrado um rico acervo de livros,
que comprava pelo reembolso postal, na época que Belém carecia de livrarias. A
Livraria Jinkings, de origem ao contato próximo com editoras do sul do país,
até hoje um marco cultural paraense.
Em 1951, foi eleito Secretario Geral do Diretório do Partido e o Dr.
Cléo Bernardo, advogado, professor, deputado estadual, jornalista e Presidente,
fundando, portanto, o PSB na Pará. Colou grau de humanista (curso ginasial),
escolhido pelos colegas o orador da turma.
Eleito para diretoria do Conselho de Representantes do Centro Cívico
Horonato Filgueiras, presidiu a comissão incumbida de organizar o regimento
interno do conselho. Mesmo jovem,
dedicou-se as lutas de resistências dos trabalhadores contra a exploração
capitalista, e a emancipação da econômica e política. Tinha uma forte liderança
na luta dos bancários, destacou-se na campanha ‘’O Petróleo é nosso’’, e foi um
dos organizadores do 1° Congresso Regional Norte de Defesa do Petróleo (1952).
No jornal a Folha do Norte, foi onde iniciou sua carreira de jornalista
passando escrever semanalmente, e também para o Flash e o Estado do Pará até os
anos 90. Conduziu publicações do Sindicato dos Bancários e escreveu para
veículos de oposição à ditadura militar, como a Voz de Unidade que era
clandestino.
Jinkings lutava em duas trincheiras, a das ruas e as dos meios
(imprensa). Discursava em cima de caixote, contra o alto de vida e a
exploração, seja em porta de fábricas ou em praças ele tinha um domínio de
mobilizar, nos seus artigos e discurso atacava o Acordo Militar Brasil- Estados
Unidos.
A coligação onde o pequeno PSD exerce aguerrida oposição a Magalhães
Barata, era um momento de luta contra o ‘’baratismo’’ e as mobilizações dos
estudantes e populares era enorme.
A Marcha da Fome acontecia em 1953, Jinkings liderou com Cléo Bernardo e
Jocelyn, a repercussão de suas colunas foi enorme. No entanto, foi processado e
preso na véspera do ato uma tentativa de impedir sua realização.
A repercussão dos artigos era grande, direto e gerava reações em pessoas
ligadas ao poder. Em um dos seus artigos, denunciou o presidente do BASA
Gabriel Hermes, onde era funcionário e como punição foi diferido para o Acre (a
pior agência). Contudo, os amigos conseguiram abrandar a punição e ele foi
transferido para São Luís do Maranhão.
Em 1960, já em Belém participou ativamente da campanha para presidência
e vice-presidência que eram desvinculadas. Jinkings fez campanha acirrada a
favor de das candidaturas Lott-Jango. Venceu Jânio para presidente e Jango para
vice-presidente. Mas Jânio renuncia em agosto de 1961, em clima de crise social,
logo Jango assume a Presidência ocasionando esperança para os militares de
esquerda.
Jinkings, presidente do Comando Geral dos Trabalhadores no Pará, comanda o histórico 1º de maio de 1962, modificando a
linha de comemorações, montou um palanque no centro de Belém, chamou as
autoridades locais, fez um comício popular, saiu em passeata e festejou a
vitoria da democracia que empossou Jango. No dia seguinte, os jornais estampavam os coronéis esbravejando e batizando
Jinkings como “perigoso agitador”, apelido que não o abandonou mais até o
início da redemocratização a partir de 1982.
As visitas do ‘’DOPS’’, passaram ser m
ais freqüentes para prestar esclarecimentos. Mesmo, defendendo o mandato de
Jango era tarde, o golpe estava deflagrado e começava a série de prisões.
Jinkings foi preso e respondeu vários inquéritos, tendo seus direitos políticos
cassados, impossibilitado de ser demitido o seu salário foi suspenso por três meses.
Enquanto isso tinha uma família e cinco filhos para sustentar, Jinkings e Dona
Isa, montaram uma barraca na feira Batista Campos e passou vender gêneros
alimentícios, companheiros de banco, admiradores e até rivais respeitosos
faziam questão de ir comprar.
Em 1994, o documentário “O Semeador de
Sonhos’’ que incluía depoimentos Benedito Nunes, Itair Silva, Amarílis
Tupiassu, Lúcia Medeiros e outras personalidades paraenses.
Logo, conseguiu torna-se um representante de algumas
livrarias que já o conheciam como leitor voraz e às vezes pedia livros pelo
correio. As editoras passaram enviar novidades para revender, logo nascia a Livraria Jinkings fundada em 1965, um marco
na vida cultural do Pará. Vendia literatura,
livros científicos e políticos, algo crescendo, onde era freqüentado por
intelectuais, estudantes e gente de esquerda que faziam dali um lugar de
encontro e de debate.
Um dos modos de empreendimento foram descontos
permanentes de 10% a 50% e o evento ‘’Livros na praça quase de graça’’ na Praça
da República, que atraia os paraenses.
Jinkings foi eleito nacionalmente
como Livreiro do Ano em 94, titulo concedido pela Associação Nacional de
Livrarias. Mas em 2010, após 45 anos a livraria fecha as portas, conhecida pela
sua importância e intelectualidade paraense.
Em 2013, pela
importante contribuição para a formação de professores e pelas ações de
incentivo a leitura com trajetória nacional, sem visar o lucro, apenas espalhar
conceitos, promover discussões e expandir o conhecimento foi homenageado na
XVII Feira Pan-Amazônica do Livro.
Um
trecho de agradecimento de Isa Jinkings, em uma cerimônia à memória de seu
esposo, em 2012, o
partido concedeu a Medalha Dinarco Reis a Jinkings. Um evento
político que reuniu jovens militantes, universitários, políticos e intelectuais.
‘’Tenho certeza de que o
Jinkings estaria feliz pelas mudanças que tem ocorrido em nosso país. Por ver
conquistado algumas bandeiras que empunhou em sua trajetória de lutas. Mas ele
estaria como sempre esteve de mangas arregaçadas ao lado dos seus camaradas,
exigindo muito mais conquistas, lutando por uma transformação social ampla e
emancipadora. Seguramente estaria do lado certo. ’’
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